Como aceitar e superar uma demissão

You’re fired! A frase, que em português significa “você está demitido”, ficou famosa através de Donald Trump no programa ‘The Apprentice”. Ironicamente, ele é apontado por muitos especialistas, como alguém que não soube lidar com a própria demissão. 

O processo de demissão é algo que todos nós iremos passar em algum momento da nossa vida. Eu costumo dizer que a nossa vida é feita de ciclos. Ciclos com começo-meio e fim. Isso acontece em todas as situações que iremos vivenciar, com os nossos relacionamentos, com nossos amigos e também no trabalho.

Nos nossos relacionamentos é algo como: paixão-amor-tédio-fim. Se você chega ao fim, você não sofre, pois em tese, já viveu tudo o que tinha que viver com aquela pessoa. Quando você chega no tédio (fim), o amor não existe mais, vocês viraram irmãos e então vocês terminam bem, a não ser que a outra pessoa não aceite. O problema é quando terminamos no meio, pois sofremos pelo que ainda tinhamos que viver com aquela pessoa. Fica aquele sentimento incompleto, aquele gostinho de “nunca mais”.

A mesma coisa acontece na nossa vida profissional. Muitas vezes a gente entra com todo o gás, com expectativas, apaixonados pelo trabalho, conseguimos desenvolver muita coisa, até que vem o tédio. Não há mais  para onde crescer e sentimos que precisamos de “novos desafios”. Geralmente, nestes casos, também terminamos bem.

Mas as vezes somos surpreendidos com uma demissão inesperada, algo que não contávamos. Afinal, estava tudo bem, o “casamento” não apresentava crises e não haviam reclamações de ambas as partes. O coisa piora quando você não recebe feedback sobre o motivo da demissão e você sofre pelo que gostaria de ainda realizar, ao mesmo tempo que se sente traído, magoado, ressentido.

O processo de luto faz parte da demissão e falando assim parece um pouco exagerado, afinal sempre associamos luto com a morte de alguém, nunca pensamos no luto em um sentido mais “simbólico”. 

Acontece que as perdas, sejam elas reais ou simbólicas, representam momentos muito importantes da nossa vida, pois geralmente dizem respeito a situações que trazem profundas transformações. O luto acontece nos finais de relacionamento, na processo de envelhecimento, na morte de um ente querido, ou na demissão do trabalho.

Muitas vezes, neste processo de luto, não conseguimos “fechar esse ciclo” e  tendemos a levar esse problemas “mal resolvidos” para outros relacionamentos,  para outros trabalhos e por aí vai. E tudo o que não conseguimos resolver, ou “finalizar”, tende a  se repetir. E  repetimos os mesmos erros inúmeras vezes.

A nossa vida é como um corredor cheio de portas e cada porta representa um momento da nossa vida, uma fase que precisa ser finalizada. É preciso entrar, sentir, refletir sobre as motivações, as expectativas, os erros e acertos, sobre tudo o que te fez sofrer, aceitar e fechar essas portas. 

Algumas, demandam mais tempo e você não conseguirá fazer isso sozinho, precisará da ajuda de alguém. Algumas portas parecem que nunca conseguiremos fechar e é preciso entender porque passamos por elas.

Mas não fique muito tempo remoendo os porquês, as vezes eles simplesmente não são tão compreensíveis como uma relação de causa e efeto. Muitas vezes são “porquês” do outro e  não dizem respeito a você, são situações que não são sua responsabilidade ou você simplesmente nunca  conseguirá ter acesso a elas e é preciso aceitar.

Fechar o livro com o passado e encontrar novos desafios é o que nos motiva, nos conduz.