Se fossemos dar um nome de filme para este ano, eu apostaria em “2020, o ano em que fizemos contágio”. É, senhoras e senhores, sem dúvida não há como ficar indiferente ao que a pandemia e este contágio nos trouxe em termos de transformações.
O que esperar para os próximos anos
Chegamos na metade do ano com muitos tentando fazer um exercício de futurologia sobre o que nos espera para os próximos anos no pós pandemia. Eu particularmente não gosto muito do termo “novo normal”, embora um dos poucos consensos é de que nada será normal partir de agora, ou, que a normalidade como conhecemos até fevereiro de 2020, tomará um novo sentido nestes novos tempos.
O fato, é que a maneira como nos relacionamos, trabalhamos, consumimos e vivemos, já está sofrendo profundas transformações e mesmo que um dia exista uma vacina para este vírus no pós pandemia, precisaremos estar atentos de novas ameças, o que significa viver no modo “preventivo” a partir de agora.
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Na área de Recursos Humanos, muitos avaliam quais tendências vieram para ficar e quais serão apenas passageiras. Neste artigo, tento trazer uma perspectiva realista do que eu acredito que representará a nova realidade para a minha área.
Trabalho Remoto
Sim, o home office já está sendo avaliado como um modelo permanente de trabalho em muitas empresas. Alguns serão modelos mais híbridos e outros como um modelo único de trabalho. Na verdade, o home office sempre foi um formato com enormes vantagens para empresas e existem inúmeros estudos que já comprovavam números expressivos em termos de ganhos em produtividade e engajamento.
Isso se deve principalmente pelo fator “qualidade de vida”, ocasionado por menos stress em função do trânsito e da possibilidade de ter mais tempo para a familia, o que traz um equilibrio maior entre vida pessoal e ´profissional.
Porém, sempre houve uma resistência por parte das empresas com modelos mais tradicionais de “comando e controle”, pois o home office exige muito mais autonomia e autogerenciamento dos profissionais. O que aconteceu é que muitas empresas perceberam que é possível ter uma gestão ágil neste formato.
É claro que, em tempos de pandemia, onde as pessoas precisaram equilibrar os pratos, muitos acabaram trabalhando até mais. Há relatos de profissionais que passaram a trabalhar 14 horas por dia. Afinal, ter que intercalar vários papéis durante todo o tempo não é para os fracos.
Outro fator importante, é que a falta de interação presencial entre as equipes, também traz alguns perdas. Principalmente no sentido de pertencimento dos grupos. Tanto que as empresas, sabendo disso, tem se esforçado com ações para que amenizar esses impactos.
Mas, mesmo com essas desvantagens, para o pós-pandemia, é um modelo que seguramente deverá ter continuidade e trará muitos resultados.
Processos de Recrutamento e Seleção virtuais
Entrevista em vídeo nunca foi uma total novidade na área de RH para a maioria das empresas. Muitas já utilizavam essa abordagem para algumas fases do processo.
Além de gerar economia para os profissionais que estão em busca de recolocação, conseguiam promover mais agilidade e cortar etapas da seleção. Hoje existem até maneiras de realizar entrevistas em vídeo às cegas, o que pode minimizar vieses nos processos seletivos.
Todos sabemos que o microgerenciamento não combina com home office. Colocar uma câmera para vigiar o profissional remotamente, para saber o que ele está fazendo e se ele passa o dia sentado na cadeira ou não, não é a melhor maneira de ter segurança em relação ao seu desempenho.
É necessário sim medir a produtividade, mas é necessário também gerar maneiras para que os profissionais consigam ser mais produtivos. Isso se deve pelo fato de muitos profissionais estão acostumados a ter um chefe ditando ordens durante todo o tempo e outros não tem a habilidade de autogerenciamento desenvolvida. Portanto, novos recursos são necessários.
Algumas métricas tem sido bastante utilizadas, como as OKRs, em que os próprios profissionais estipulam suas metas e interagem sobre elas com suas lideranças.
Mas quando falo em recursos, não estou falando somente um software ou uma nova metodologia e sim de recursos internos, ou seja, conhecer os seus limites e desenvolver os seus talentos é fundamental. Como todos sabemos, talentos são capacidades naturais. Conseguir identificá-los e promover o redesenho do trabalho é a melhor maneira de ter mais sucesso dentro das organizações, do que tentar desenvolver aspectos comportamentais que podem levar anos para acontecer.
Possibilidade de contratar profissionais de outros lugares do Brasil e do mundo
As empresas de uma maneira geral sempre tiveram bastante resistência na contratação de profissionais de outras cidades e estados, ou até de profissionais de outros países.
Isso se deve ao fato de que contratar esses profissionais, além de ser caro, demanda uma logística grande por parte do profissional no sentido de promover a mudança de localidade. Tudo isso envolve aspectos financeiros e emocionais.
Até hoje ainda existem divergências quanto aos custos da passagem e despesas de viagem para realizar entrevistas, se devem ser ou não serem suportados pelos candidatos. Muitos deles, embora acabassem arcando com essas despesas, sempre se sentiam prejudicados quando recebiam uma negativa e se davam conta do valor gasto, sem conseguir um retorno do investimento.
Tive caso de cliente que rodou 400 km para realizar uma entrevista e não teve sequer um feedback do processo. Aliado a isso, está o fato de que, para compensar a contratação destes profissionais, seria necessário que a mão-de-obra fosse super qualificada, ou seja, não existiriam profissionais disponiveis na região para ocupar o cargo.
Hoje, com o trabalho remoto e inclusive com os novos modelos de trabalho mais flexiveis , há a possibilidade de contratar profissionais de outras localidades com muito mais facilidade e isso faz com que esse formato de contratação ganhe força a partir de agora.
Um RH mais Humanizado
Pode parecer até contraditório, mas o trabalho virtual pode trazer mais humanização para as empresas.
A pandemia e a mudança do presencial para o virtual, fez com que muitas empresas passassem a se preocupar muto mais, não só com a saúde física dos seus profissionais, como também com os aspectos psicológicos.
Hoje os lideres estão preocupados não somente em saber se os profissionais estão conseguindo produzir, mas como eles estão conseguindo lidar com as demandas profissionais e pessoais ao mesmo. Isso aproximou muito mais as pessoas e promoveu uma integração muito maior entre os profissionais e times do que no passado.
Muitas empresas aproveitaram para implantar programas que estimulem exercicios físicos dentro de casa, meditação e outras formas de conseguir a saúde fisica e mental.
Enfim, sejam quais forem as mudança que passaremos a viver no pós pandemia, de uma coisa temos certeza: todas essas transformações trazem prós e contras, não existe algo como “seremos pessoas melhores”, “o mundo será muito melhor a partir de agora”. Teremos que aprender a conviver com um novo mundo, com suas dores e suas alegrias, como é o mundo atual. No final acredito que não vamos viver em um mundo nem melhor, nem pior. Vamos viver em mundo simplesmente diferente.
Eu sou Eliete Oliveira, Consultora para Recolocação, Transição e Desenvolvimento de Carreira
ótimo artigo
Ótimo artigo! Obrigada!
Sim, muito bem pontuado.
Ótimo Artigo, as colocações e as informações a respeito do que teremos no futuro foram muito bem mencionadas. Parabéns!